Atribuição multi-touch: o sucesso é uma jornada
O número de touchpoints entre um usuário em potencial e uma marca antes da conversão ou do alcance pode variar de 5-50. Com tantos touchpoints, o mapeamento das jornadas dos consumidores, que estão em constante movimento entre canais e dispositivos, online e offline, está mais difícil do que nunca.
A dificuldade em entender o complexo caminho até a conversão torna a atribuição ainda mais difícil para os profissionais de marketing. Na realidade, segundo uma pesquisa do eMarketer, a atribuição entre dispositivos é o segundo maior desafio (42%) para profissionais de mídia em 2021.
Então como você, um profissional de marketing, pode descobrir quais touchpoints e jornadas geram a melhor performance e, com base nisso, tomar decisões de orçamento mais bem-informadas?
Aqui entra a atribuição multi-touch, ou MTA.
A MTA distribui os créditos entre os touchpoints de acordo com o seu impacto. Faz sentido, certo? Então por que, há anos, a MTA vem sendo um ponto problemático para os profissionais de marketing, com taxas de uso tão baixas?
Vamos responder essas questões neste artigo, e explorar diversos modelos de MTA, incluindo seus benefícios e limitações. Também vamos analisar como o multi-touch pode trazer insights que ajudam a moldar a sua estratégia de marketing, além de explicar como escolher o modelo certo para o seu negócio.
Vamos começar.
Índice de Conteúdos
- O que é a atribuição multi-touch?
- Atribuição de um único toque vs. multi-touch
- Benefícios da atribuição multi-touch
- O padrão da indústria vs. o padrão de excelência
- Explicando os modelos de atribuição multi-touch
- Como escolher o melhor modelo para o seu negócio
- Atribuição holística
- 5 passos para implementar a atribuição multi-touch
- Os desafios da atribuição multi-touch
O que é a atribuição multi-touch?
A MTA é um método de mensuração de marketing que leva em conta os inúmeros touchpoints online e offline ao longo da jornada do cliente, atribuindo crédito a cada um com base em uma lógica que varia para cada negócio.
Touchpoints offline incluem a televisão (exceto smart TV), rádio, mídias impressas (como outdoors, cupons e correio), lojas, call centers e chamadas de vendas.
Touchpoins online são divididos entre mídias pagas, próprias e orgânicas entre propriedades digitais.
Mídias pagas incluem pesquisa, exibição, sociais, dentre outras, enquanto mídias próprias são sites, e-mails, demonstrações, marketing de conteúdo (como blogs) e as contas sociais da sua marca. Mídias sociais terceiras e menções em blogs são exemplos de mídia orgânica, assim como a cobertura midiática.
Na atribuição multi-touch, os touchpoints podem ter peso equivalente ou proporcional, a depender do modelo usado (mais informações abaixo).
Atribuição de um único toque vs. multi-touch
O único toque pode se referir tanto à atribuição do primeiro como do último toque.
O primeiro toque atribui crédito total ao primeiro ponto de contato registrado na jornada do cliente com a sua marca, enquanto o último toque atribui crédito total ao último touchpoint registrado.
Como em nenhum dos casos a atribuição é feita entre toda a jornada do usuário, por que um profissional de marketing escolheria usar esse método?
Primeiro toque para reconhecimento da marca (branding)
Se o seu foco é a introdução da sua marca e um aumento do início do seu funil, então pode ser que você escolha o modelo de atribuição de primeiro toque, por ser relativamente fácil de implementar e gerar insights sobre como os clientes descobrem a sua marca.
Último toque para conversões
Em contrapartida, a atribuição de último toque foca no final do funil e em quais fatore ajudam na conversão de um usuário, que é, em última instância, a essência do marketing de performance.
Multi-touch para uma visualização completa
O multi-touch assume uma visualização bem mais holística, cobrindo todo o funil e obtendo insights ao longo de toda a jornada do usuário. Vamos explicar mais detalhadamente.
Benefícios da atribuição multi-touch
Claramente, tanto a atribuição de primeiro como a de último toque ignoram a realidade da jornada do cliente moderno (que tem em média de 5 a 20 touchpoints, lembra?); Aqui entra a atribuição multi-touch. Ela assume uma abordagem bem mais sofisticada no mapeamento da jornada, oferecendo diversos outros benefícios.
A MTA aborda as complexidades da verdadeira jornada do cliente
Acima, mencionamos que a jornada do cliente é complicada por conta dos diversos dispositivos, canais e touchpoints. A MTA ajuda a superar algumas dessas dificuldades ao refletir, de maneira mais precisa, a verdadeira jornada do usuário.
Quanto melhor a representação da realidade, melhor a compreensão sobre onde está a influência sobre o usuário e qual combinação de touchpoints tem a melhor performance.
Ter uma imagem mais precisa sobre a jornada do usuários e os touchpoints ao longo do caminho ajudam na personalização eficaz de mensagens, que chegam aos usuários no canal (ou canais) certo, no momento certo.
A MTA é imparcial
Atribuir crédito ao longo da extensão e da amplitude da jornada do usuário significa que você não dá importância de maneira errônea ao primeiro ou último touchpoint. Ao invés disso, você é capaz de atribuir créditos usando dados que justificam qualquer dúvida sobre a influência de um touchpoint no caminho até a conversão.
Por exemplo: vamos supor que, primeiro, um cliente vê um de seus anúncios pagos no Facebook, pesquisa a sua marca no Google e passa por remarketing em um site de notícias. Depois, ele volta para o Google para pesquisar o seu produto em específico e faz uma compra.
Como você poderia afirmar que o touchpoint pago (o primeiro) deve receber todos os créditos, e não a pesquisa (o último touchpoint)? Ou o contrário? Aqui, um modelo de MTA pode salvar o dia, garantindo que cada canal receba uma parcela justa do sucesso.
A MTA permite maior agilidade
O multi-touch une todos os dados em um único modelo, então você não precisa analisar diversos relatórios para tentar identificar o valor de um touchpoint. O resultado da maior agilidade no processo é a capacidade de se adaptar e mudar sua estratégia de acordo com os insights obtidos.
Por exemplo, vamos supor que uma grande parte do seu orçamento de marketing foi dedicado a uma campanha de e-mails promocionais no final do funil. No entanto, o seu modelo de MTA mostrou que uma campanha em redes sociais, voltada para o topo do funil, está sendo muito bem-sucedida em fazer com que clientes em potencial visualizem o seu site e façam uma compra.
Com esses insights, você conseguiu ver o impacto da campanha em redes sociais no aumento de conversões. Como resultado, você muda sua estratégia e seu orçamento, colocando mais ênfase no canal social, e reduzindo o orçamento voltado para a campanha de e-mails, maximizando o seu Retorno em Investimento (ROI).
A MTA previne a perda orçamentária
O risco de compreender de maneira errada a jornada do seu cliente significa que talvez você não saiba qual combinação de touchpoints gera maior ROI e, igualmente, qual tem uma performance abaixo do ideal.
A atribuição multi-touch oferece os insights necessários para que você saiba quando deve reduzir o seu gasto com marketing em canais que não trazem resultados, disponibilizando um maior orçamento que pode ser usado para dobrar o gasto com canais bem-sucedidos.
O padrão da indústria vs. o padrão de excelência
Apesar de o multi-touch trazer diversos benefícios em comparação com o toque único, esse modelo não é tão adotado quanto o esperado. Um motivo poder ser o fato que para que a MTA se torne um padrão na indústria, seria preciso que todo o ecossistema aderisse a ela e chegasse a um consenso sobre quais modelos específicos seriam utilizados em circunstâncias específicas.
Na tabela abaixo podemos ver que, mesmo nos EUA, que é o mercado mais avançado, a adoção da MTA é de apenas 65% em 2021. Além disso, o aumento percentual anual é mínimo, o que significa que a opinião do mercado sobre o uso da MTA não está mudando.
A atribuição de último toque continua a ser o padrão da indústria quando se trata de faturamento — o mecanismo através do qual as empresas de atribuição distribuem crédito para empresas de mídia, determinando quais partes são pagas por gerar conversão.
Por exemplo, aplicativos mobile pagam ad networks por instalações com base no modelo de atribuição de último toque. A última fonte de mídia que recebe o toque de um usuário antes da instalação recebe todo o pagamento pela obtenção desse usuário.
No entanto, para profissionais de marketing que buscam obter insights sobre todo o funil, é importante usar a MTA internamente e em paralelo. Entender o valor de cada touchpoint pode ajudar na atribuição de créditos no futuro.
Então qual é a conclusão? Mesmo que as conversões sejam pagas segundo o último toque, elas deveriam ser avaliadas sob a perspectiva do MTA, permitindo tomadas de decisões mais inteligentes no futuro.
Explicando os modelos de atribuição multi-touch
Existem diversos modelos diferentes de MTA, cada um com a sua própria lógica e seus próprios prós e contras.
Modelo linear
O modelo linear distribui o crédito de maneira equivalente para cada touchpoint ao longo da jornada do usuário. Esse é um bom modelo, pois ele não é parcial e oferece um bom panorama sobre todo o funil.
No entanto, ele falha em reconhecer se um touchpoint teve maior influência sobre o usuário do que outros. Por exemplo, em um modelo linear, um primeiro touchpoint pago pode ser tão valioso quanto um segundo touchpoint de pesquisa orgânica e um último touchpoint direto. Mas talvez o cliente nunca tivesse descoberto a sua empresa sem o primeiro touchpoint, o que significa que ele foi essencial e, possivelmente, deve receber mais crédito do que, no caso, o último touchpoint direto.
O modelo linear simplifica muito a jornada do usuário e é considerada a forma menos sofisticada de uso de MTA.
Quando eu devo usá-lo?
O modelo linear é mais bem utilizado quando você quer descobrir quais touchpoints existem, independente do impacto que cada um teve na jornada do seu usuário.
Decadência de tempo
Esse modelo pressupõe que quanto mais próximo está um touchpoint do momento de conversão, maior a influência na jornada do usuário. Assim, o crédito é atribuído de acordo com essa pressuposição, e o último toque recebe a maior porcentagem de crédito.
Quando eu devo usá-lo?
O modelo de decadência de tempo é adequado para empresas que têm como foco a parte final do funil. Profissionais de marketing utilizam esse modelo quando a etapa de análise por parte do usuário é curta, como no caso de uma campanha promocional.
No entanto, o modelo de decadência de tempo não faz uma análise da natureza do touchpoint. Por exemplo, no caso acima, havia um anúncio em banner e o vídeo de um influencer. Se o banner for exebido após o vídeo, segundo o modelo de decadência de tempo, ele receberia mais crédito.
É improvável que um banner tenha uma influência maior sobre a decisão do usuário do que um influencer promovendo o seu produto. Assim, atribuir mais crédito ao banner apenas por ter sido exibido após o vídeo costuma ser um erro.
Em U
O modelo em formato U foca em dois touchpoints principais, o primeiro e o último, e atribui 40% do crédito para cada. Os 20% restantes são espalhados ao longo dos touchpoints intermediários.
O modelo em U é útil em casos em que o foco é a compreensão sobre o que inicia e o que finaliza a jornada do cliente. Outra vantagem é que ainda reconhece os touchpoints intermedários, apesar de atribuir menos créditos a eles.
Embora esse seja um bom primeiro passo no reconhecimento de que nem todos os touchpoints oferecem o mesmo valor, essa ainda é uma abordagem relativamente simples sobre a distribuição de créditos.
Quando eu devo usá-lo?
Os modelos em U são úteis em ciclos de vendas curtos, como a compra de um produto barato em um aplicativo de eCommerce. O profissional de marketing de aplicativos busca atribuir mais valor sobre os touchpoints responsáveis por apresentar a marca e os touchpoints que levaram à conversão do usuário.
Em W
Alguns passos à frente do modelo em U, está o modelo em formato W. Novamente, ele atribui crédito ao primeiro touchpoint, e também aos touchpoints de criação de leads e de oportunidades.
No modelo em W, cada touchpoint principal recebe 30% de crédito, e os 10% restantes são distribuídos entre os touchpoints intermediários.
Por exemplo, vamos supor que um cliente em potencial está analisando opções de viagem de férias, e a pesquisa mostra a ele alguns anúncios relacionados e destinos diferentes. Ele clica em um anúncio do booking.com. Ele gosta de ideia de passar as férias no Mediterrâneo, então ele busca por mais informações no site mobile. Ao se cadastrar no site, ele adiciona o destino em sua lista de desejos, o que é considerado uma “criação de lead”, mas ele ainda não faz a reserva.
Alguns dias depois, ele recebe um e-mail com uma oferta de 10% de desconto em uma viagem para o Chipre para usuários que instalarem o aplicativo. O cliente clica no link no e-mail, que o leva à App Store, onde ele baixa o aplicativo do booking.com e finaliza a compra. O código de desconto é inserido automaticamente através da tecnologia de deep linking. O e-mail é considerado como a “criação de oportunidade”.
O modelo em W é útil pois ele identifica e reconhece essas estapas, mas nem sempre é tão fácil diferenciar cada etapa e, por isso, o que pode complicar demais os cálculos.
Quando eu devo usá-lo?
O modelo em W deve ser usado para ciclos de vendas mais longos, que oferecem touchpoints adicionais e que têm um claro impacto sobre o andamento da jornada do cliente.
Caminho completo
No modelo de atibuição sobre o caminho completo, os créditos são distribuídos entre quatro touchpoints principais: os três mencionados acima, no modelo em W, e o touchpoint final de finalização da venda/compra. Cada um desses quatro touchpoints recebe 22,5% de crédito, e os 10% restantes são distribuídos entre touchpoints intermediários.
O caminho completo é uma boa opção para equipes de vendas, pois ele oferece insights para além da etapa de oportunidade, permitindo uma visão mais granular sobre o funil.
Quando eu devo usá-lo?
De maneira semelhante ao modelo em W, o modelo de caminho completo traz mais benefícios para empresas que possuem um ciclo de vendas longo, com etapas de análise por parte do cliente mais demoradas, para compras de valores mais altos, como a compra de um carro.
Personalizado
Um modelo personalizado permite que você crie uma versão que se adequa às suas necessidades de negócios. Nenhum dos outros modelos mencionados acima são bons ou ruins, mas são destinados a diferentes propósitos.
No entanto, o modelo personalizado permite que você faça ajustes e crie um modelo híbrido, atribuindo uma porcentagem maios a uma etapa específica do funil para certas campanhas, e menor para outras.
Uma abordagem personalizada oferece flexibilidade e controle granular para o profissional de marketing, mas é mais difícil de configurar e pode apresentar alguns desafios em sua manutenção.
Quando eu devo usá-lo?
Um modelo personalizado tem a capacidade de lidar completamente com as complexidades de toda a jornada do cliente, pois ele se aplica a cada negócio segundo as suas peculiaridades. Aplicativos que exigem um amplo rastreamento sobre os touchpoints como, por exemplo, aplicativos de viagens, se beneficiam muito do modelo personalizado.
Cadeia de Markov
O modelo da cadeia de Markov recebe esse nome por causa de Andrey Markov, um matemático usso que desenvolveu uma teoria sobre o processo estocástico na probabilidade.
Sua teoria descreve uma sequência de possíveis eventos, na qual a probabilidade de cada evento depende do “status” do evento anterior.
Você pode estar se perguntando: como isso se relaciona com a MTA? A mesma teoria pode ser aplicada a modelos avançados de MTA, criando uma estrutura na qual os profissionais de marketing podem modelar com mais precisão a jornada do usuário.
Ao usar um modelo de cadeira de Markov com os dados de uma campanha, os profissionais de marketing podem identificar a probabilidade de um cliente em potencial ir de um touchpoint para o outro.
Por exemplo, vamos supor que um cliente vê um anúncio no LinkedIn (primeiro rouchpoint), depois navega pelo site da empresa (transição) antes de clicar no vídeo de um produto sobre o mesmo produto (segundo touchpoint).
O número de vezes em que os clientes fazem a transição entre os touchpoints é calculado em uma probabilidade. A cadeia completa descreve o caminho mais provável até o sucesso, e a importância de cada etapa na jornada do cliente.
Como escolher o melhor modelo para o seu negócio
Quando se trata da atribuição multi-touch, não há uma abordagem única para todos os negócios.
Em última análise, tudo depende dos KPIs específicos do seu aplicativo e campanha. Por exemplo, se você está mensurando o número de downloads do aplicativo, o modelo de decadência de tempo pode funcionar melhor. Mas se você está mensurando o LTV, pode buscar um modelo que envolve mais touchpoints, mesmo após a conversão, como o modelo de caminho completo.
Antes de decidir qual modelo usar, é indispensável que você defina quais são os seus KPIs para então escolher qual modelo é o ideal.
Você também deveria testar diferentes modelos para descobrir qual corresponde de maneira mais adequada à sua estratégia. Se um modelo não funcionar, teste outros até obter os insights necessários.
Por fim, compare os resultados entres os diferentes modelos e veja onde é possível fazer otimizações para melhorar seus resultados.
Atribuição holística
Discutimos como os diversos modelos de MTA permitem que os profissionais de marketing atribuam crédito de maneiras mais sofisticadas. No entanto, para obter uma verdadeira visão holística, a MTA deveria ser usada em conjunto com um Modelo de Mix de Marketing (MMM).
Um MMM é tradicionalmente usado para fins de planejamento orçamentário e criação de estratégias, e faz uma abordagem do topo para baixo sobre a modelagem de atribuição. Ao contrário de diversos modelos de atribuição que usam dados a nível do usuário em tempo real (ou o mais próximo do tempo real possível), os insights de MMM são agregados e se relacionam a considerações de estratégias trimestrais ou mesmo anuais.
O MMM é responsável por vários outros fatores comerciais que têm influência além do marketing e dos anúncios, indo desde as condições macroeconômicas até a sazonalidade ou mesmo o clima.
Por exemplo, vimos em 2020 que os downloads de aplicativos aumentaram 33%, o que se deve principalmente às medidas de distanciamento social da COVID-19, que fez com que as pessoas passassem a maior parte do tempo em casa. O uso do MMM, que leva em consideração a pandemia em seus cálculos, ajuda os profissionais de marketing a avaliar o impacto de influências externas e pode ser usado para o planejamento estratégico.
Usando a MTA e o MMM em conjunto aumenta a agilidade que mencionamos acima. Os profissionais de marketing conseguem ver os dois lados da moeda: com o MMM, o lado estratégico, e com a MTA, o lado secundário.
Por exemplo, será que um código de desconto de 10% é enviado via notificação push em um aplicativo de táxis é mais bem recebida durante uma tempestade ou durante uma onda de calor? Os dados obtidos através da MTA unidos aos insights de fatores externos, ajudam os profissionais de marketing a tomar decisões mais inteligentes.
5 passos para implementar a atribuição multi-touch
A implementação da sua estratégia de MTA pode ser resumida em um processo de 5 passos:
1. Defina os seus KPIs
Como mencionamos acima, os seus KPIs guiarão a sua estratégia. Se o seu principal objetivo é a aquisição de usuários, talvez você escolha um modelo diferente do que escolheria ao mensurar o LTV ou a taxa de desinstalações. Definir o que você está mensurando te ajuda a descobrir qual modelo de atribuição mais se adequa à suas necessidades.
2. Limpe os seus dados
Hoje, a maioria das empresas armazena dados dos clientes em um sistema de CRM, mas caso não seja feita a limpeza e a manutenção regularmente, os seus dados podem acabar sendo um problema.
Faça uma auditoria completa dos seus dados para garantir que eles atendem aos seus padrões de qualidade. Certifique-se de corrigir campos de contato ausentes, remover dados duplicados, garantir que os dados sejam inseridos no campo correto e corrigir erros de digitação ou outras imprecisões, como cargos ou empresas desatualizados.
Dados ruins podem deixar lacunas em sua análise e levar a suposições incorretas e a orçamentos desperdiçados.
Com a introdução do iOS 14.5 e outras medidas de privacidade, a qualidade dos seus dados e as proteções que você implementa em sobre eles nunca foram tão importantes.
Na realidade, a qualidade dos dados foi citada como a maior barreira para o sucesso da atribuição de receita (43%) globalmente, portanto, limpar os seus dados logo no início do processo de atribuição trará retorno a longo prazo.
3. Analise
Use um software de análises que seja capaz de identificar o papel de cada touchpoint e analisar os dados assim que eles são coletados. Isso tornará mais fácil a identificação de insights e a descoberta sobre quais campanhas precisam ser otimizadas.
4. Faça a otimização instantaneamente
Esteja sempre revisando suas métricas e avalie quais canais apresentam baixa performance. Se for o caso, ajuste suas campanhas de acordo. Sua atribuição deve sempre refletir seus objetivos de negócios. Se suas metas mudarem, talvez você precise otimizar ou reagrupar e tentar um modelo de atribuição diferente.
5. Aplique insights ao seu modelo geral
Depois de identificar tendências e compreender os padrões de dados, aplique esses insights a esforços de marketing futuros para melhorar a performance de suas campanhas e canais.
Lembre-se de que este é um processo contínuo, por isso, ao obter novos insights, certifique-se de aplicá-los para melhorar seus resultados.
Os desafios da atribuição multi-touch
Apesar de todos os seus benefícios, a atribuição multi-touch não está livre de desafios. Vamos discutir alguns deles.
Não há um padrão para toda a indústria
Como mencionamos acima, apesar do último toque ser insuficiente, atualmente ele é o padrão da indústria utilizado para o faturamento.
Por que? Pois o multi-touch é complexo e requer a adesão de diversas empresas em todo o ecossistema.
Por exemplo, você opta por usar o modelo em W. Isso significaria que os três pontos de contato principais concordaram em receber 30% dos créditos, em vez do último clique receber 100%.
Todos os parceiros, anunciantes e ad networks precisam estar na mesma página, o que requer colaboração em toda a indústria – algo que simplesmente não ocorreu ainda de forma significativa.
Ela exige habilidade
Modelos de MTA apresentam dificuldades tanto em sua implementação quanto em sua análise.
Nem todas as empresas têm o talento necessário para implantar esses modelos ou a capacidade de obter os insights que eles oferecem. Na realidade, os dados mostram que apenas 9% acreditam que suas organizações têm um conhecimento “excelente” sobre a atribuição multi-touch.
É difícil validar os resultados
O caminho que alguns modelos de atribuição seguem para chegar às suas conclusões permanece um mistério para muitos profissionais de marketing, dificultando a validação dos resultados. Por exemplo, os modelos de atribuição sempre creditarão uma ação a um touchpoint, mesmo que os profissionais de marketing saibam que algumas ações acontecem organicamente.
Os profissionais de marketing podem usar testes de incrementalidade para identificar quais conversões se relacionam a uma campanha de marketing específica e quais teriam acontecido por conta própria, dando maior clareza aos resultados da atribuição.
A incrementalidade não é um conceito novo e tem sido amplamente ignorada devido à sua complexidade tanto na execução quanto na análise. No entanto, ela recentemente ganhou força como uma ferramenta útil após o anúncio de lançamento do iOS 14, pois ela ajuda a preencher a lacuna deixada pelas novas diretrizes da Apple com insights baseados em dados.
Métricas offline limitadas
Os modelos de atribuição multi-touch levam em consideração vários canais e dispositivos. Em teoria, esses canais deveriam incluir canais offline, como TV, rádio e mídia impressa.
No entanto, é muito difícil fazer a atribuição desses canais e há uma grande falta de dados relacionados a eles. Em conjunto, isso cria um desafio sobre como agregar quaisquer dados que você adquira ao modelo escolhido.
Não há um modelo perfeito
Nenhum dos modelos que discutimos é uma solução perfeita.
Cada campanha terá diferentes requisitos e objetivos. Portanto, é importante avaliar quais são esses pontos antes de iniciar sua campanha, aplicando o modelo que melhor se encaixa nesse caso.
Lembre-se de que você sempre pode mudar de modelo caso perceba que não está obtendo os insights necessários. Às vezes, é apenas um caso de tentativa e erro.
Mudanças de privacidade
As limitações de cookies de terceiros e o desuso do identificador de anúncios mobile IDFA da Apple tornarão a atribuição mais desafiadora porque será mais difícil identificar os clientes através dos canais. Em vez disso, a atribuição e a mensuração a nível agregado ocuparão o papel central, usando métodos como os testes de incrementalidade.
O uso de dados primários também se tornará muito mais importante, por exemplo, ao direcionar os usuários para o site mobile de uma marca e de lá para o aplicativo mobile (em tal cenário, não há necessidade de coletar o IDFA).
Principais conclusões
A atribuição multi-touch te dá a capacidade de analisar o impacto de cada touchpoint ao longo da jornada do cliente e identificar quais estão obtendo o maior valor.
Para entender qual modelo se adapta melhor às suas necessidades, você deve se lembrar que:
- No atual mundo digital, onde os clientes estão em constante transição entre canais e dispositivos, a atribuição multi-touch ajuda a dar aos profissionais de marketing uma representação mais fiel da jornada do cliente.
- Progresso é progresso – cada touchpoint que você consegue conectar em toda a jornada do cliente é um progresso e ajuda a aprimorar os insights sobre o seu funil de marketing.
- Defina os KPIs para sua campanha e determine qual modelo se encaixa melhor a eles.
- Entenda que não há um modelo perfeito – cada modelo tem seus prós e contras, então cabe a você decidir qual deles se encaixa melhor aos seus objetivos.
- Lembre-se de que o último toque continua sendo o padrão da indústria para fins de faturamento. Os modelos de atribuição multi-touch podem ser usados em paralelo para oferecer insights sobre seus esforços de marketing e ajudar a orientar sua estratégia no futuro.